Algumas pessoas estão envelhecendo mal,
Desconfortavelmente,
Com uma infelicidade na alma.
Estão ficando velhos, mas não sábios.

Dever-se-ia envelhecer mansamente,
Nunca aos solavancos,
Nunca aos trancos e barrancos,
Nunca como alguém caindo no abismo.

Envelhecer seria como planar;
Como quem não sofre mais tanto
Com os inevitáveis atritos
Flutuando qual caravela em mar sereno.

A gente poderia envelhecer
Como quem vai se gastando, se gastando,
Até desaparecer sem dor, como evaporasse
Caminhando contra o vento; de repente.

E então perguntariam: cadê fulano?
E alguém diria – gastou-se...
Foi vivendo, vivendo, e acabou;
Como as árvores velhas, solenes e plácidas.

Palavras de Affonso Romano Sant’Anna no texto                   “Envelhecer: com mel ou fel?”
Livremente versificadas em sua homenagem.