Era uma vez três enormes elefantes. Orelha, Tromba Larga e Gigante.
Um era preto, outro malhado e outro marrom.
Cada um tinha uma cor, cada um tinha um tom.
Na hora de conversar o Tromba Larga era o mais tagarela. O Orelha o que mais sabia ouvir e o Gigante o mais forte e impaciente. Os elefantes são herbívoros, isto é, só comem folhas, vegetais e frutas. Mas comem muito. Muito mesmo! Porque comem muito precisam também beber muita água. Os três amigos moravam na savana, na África, longe, bem longe do rio, e todo dia iam lá beber água. Era uma longa caminhada. Todo dia a mesma coisa, ida e volta.  Durante o percurso Tromba reclamava o tempo todo sem deixar ninguém falar. Orelha ficava ouvindo e só concordava para não ter aborrecimento. Mas Gigante esse sim se aborrecia e ficava irritado e impaciente com Tromba.
Dizia ele: “Tromba! Cala a boca! Não adianta reclamar de tudo”. Mas Tromba continuava: “Estou cansado de andar tanto, esse rio é muito longe, essa estrada tem muita poeira, esse Orelha não fala nada!”.
Orelha lá coitado, respondia: “Ora Tromba... se você não reclamasse tanto poderíamos aproveitar o tempo da caminhada para conversarmos sobre nossa savana... que tal?”. “Esse Orelha...” caçoava Tromba do amigo... “O que tem para falar de um lugar que a gente conhece desde quando éramos apenas elefantinhos?”.
Gigante mais uma vez irritado com Tromba, protegeu o amigo Orelha: “Se você o deixasse falar um pouco veria quantas coisas bonitas ele tem pra dizer”.
E assim a discussão entre Tromba e Gigante foi aumentando cada vez mais e mais até que um dia a coisa estourou, quer dizer: o pau quebrou! E quando tem briga de elefante na floresta, sai de baixo! A bicharada toda foge com medo de sobrar pra qualquer um. É árvore derrubada, é poeira pra todo lado, são toneladas contra toneladas. A briga foi feia e os dois se machucaram muito até que Gigante, sendo mais forte, conseguiu derrubar Tromba. A queda causou um estrondo na selva, a girafa e os bichos saíram correndo pela relva. Tromba caiu pesadamente ao solo e lá ficou. Quando Orelha viu o que aconteceu, gritou para Gigante: “Olhe o que você fez! Você matou nosso amigo!”. Gigante, ainda esbaforido e com a respiração ofegante da luta, parou de repente assustado. Naquele momento percebeu aonde sua raiva e sua impaciência o levaram. Tinha acabado de matar o amigo de infância que tantas vezes brincou com ele e Orelha. Ficou desesperado. Ajoelhou-se ao lado do corpo de Tromba e chorando pediu: “Tromba meu amigo, perdão, acorde... eu não queria brigar com você... e agora compreendo que você também não queria brigar comigo... apenas somos diferentes um do outro e não somos como nosso amigo Orelha que sempre procura evitar brigar.” “Por favor! Tromba! Levante!” Completamente transtornado Gigante sacudia o corpo de Tromba.
E não é que a tromba do Tromba deu uma mexidinha. E depois também mexeu a orelha e os olhos se abriram. Gigante e Orelha deram pulos de felicidade. “O Tromba está vivo!”, gritavam e pulavam. E novamente foi aquele rebuliço na floresta, a macacada pulava doida entre as árvores, porque ninguém aguenta dois elefantes enormes dando pulos que nem malucos. Fala sério!?
Hoje os três amigos ainda vivem lá na África fazendo as mesmas coisas juntos. Comem na savana e caminham para o rio para beber água. É lógico que o Tromba ainda continua reclamando o tempo todo. O Gigante continua discutindo com o Tromba e o Orelha... bem...      o Orelha vai pensando... "É tão bom quando dois amigos se entendem tão bem....." E ri sozinho satisfeito da vida.
“Todos somos diferentes um do outro, mas compreendendo as diferenças e perdoando os erros, as amizades tornam-se duradouras.”
Fim